Clarisse Sieckenius de Souza é Professora Emérita da PUC-Rio. Aposentou-se em janeiro de 2020 como Professora Titular do Departamento de Informática, onde atuou por mais de 30 anos nas áreas de Inteligência Artificial (Processamento de Linguagem Natural, Geração Automática de Textos e Sistemas de Explicação) e, principalmente, Interação Humano-Computador (IHC).
Sua formação acadêmica foi toda realizada no Departamento de Letras da PUC-Rio, onde obteve os títulos de: Bacharel - Tradutor e Intérprete (1979); Mestre em Língua Portuguesa (1982); e Doutora em Linguística Aplicada, Linguística Computacional (1988). Complementarmente, realizou dois estágios de pós-doutorado, um na Universidade de Stanford, com Terry Winograd, e outro na Universidade de Maryland, com Jenny Preece, além de inúmeros outros estágios como pesquisadora visitante em universidades estrangeiras (por exemplo, a Universidade de Waterloo (CAN) e a Universidade de Indiana (EEUU)) e centros de pesquisa industrial (por exemplo, o Philips Research Labs de Sussex (GB) e o IBM Research de Almadén (EEUU) e do Rio de Janeiro (BR)).
É na área de IHC onde se encontram suas principais contribuições em pesquisa, focadas no campo interdisciplinar da Semiótica Computacional. Em 1993, propôs o conceito de "engenharia semiótica" associado ao design de linguagens de interfaces para usuários. Em 1996 fundou o SERG — Semiotic Engineering Research Group, do Departamento de Informática da PUC-Rio. Em cerca de uma década, o SERG tornou-se um centro de excelência em Semiótica Computacional, internacionalmente conhecido como a origem da primeira teoria semiótica da interação humano-computador. Clarisse é autora ou co-autora de quatro livros sobre Engenharia Semiótica: The Semiotic Engineering of Human-Computer Interaction (The MIT Press, 2005); Semiotic Engineering Methods for Scientific Research in HCI (Morgan Claypool, 2009); A Journey through Cultures (Springer, 2013); e Software Developers as Users (Springer, 2016).
Através destas obras e de numerosos artigos publicados em capítulos de livros, periódicos ou anais de eventos científicos, Clarisse tornou-se uma referência entre seus pares nacionais e internacionais. Recebeu ao longo de sua carreira vários prêmios, entre os quais o ACM SIGCHI CHI Academy Award (2013), o IFIP HCI Pioneer Award (2014) e o Prêmio do Mérito Científico da SBC - Sociedade Brasileira de Computação, (2016). Em 2014, Clarisse foi escolhida para representar as mulheres cientistas da computação no baralho das 54 "Notable Women in Computing", escolhidas pela Universidade de Duke com a chancela do CRA-W / Anita Borg Institute.
Ao longo de sua carreira, seus projetos foram apoiados pelo CNPq, FAPERJ, CAPES e AMD Foundation. Foi por duas vezes "Cientista do Nosso Estado", bolsa-prêmio concedida pela FAPERJ no Rio de Janeiro, e ao aposentar-se detinha uma Bolsa de Produtividade em Pesquisa do CNPq no nível 1B.
Dentre seus principais serviços à comunidade científica brasileira estão o fato de ser uma das fundadoras da área de IHC no Brasil, a participação em Comitês Assessores da CAPES e do CNPq, e a atuação em inúmeros comitês de programa de eventos científicos nacionais. Em 2017 recebeu o Prêmio Carreira de Destaque da Comissão Especial de Interação Humano-Computador da SBC.
Como Professora Emérita desde 2020, Clarisse tem atuado em um projeto interdisciplinar junto a colegas dos departamentos de Filosofia e História da PUC-Rio, em torno de ética e mediação algorítmica de processos sociais. Em 2024 direcionou sua pesquisa para o uso de tecnologia digital em processos de produção de conhecimento acadêmico.